15 fevereiro 2011

E se te perguntassem... Ellen White era racista?

Existem alguns manuscritos onde certas frases de Ellen G. White parecem ter um toque racista. Parecem. Essa também é uma pergunta bastante frequente, mas tenha em mente duas coisas: qual a ideia de uma conversa quando se analisa uma carta, a que ponto queriam chegar. O outro fator é o cuidado quando se vê coisas antigas. Por exemplo, no século XIX as pessoas iam à praia tomar banho praticamente com suas roupas normais, e olha que naquele tempo os vestidos eram enormes, com muitas camadas de tecidos. Estranho né?... Mas naquela época não haviam roupas de banho, nem as mulheres tinham o costume de ir a praias públicas... Daí você começa a entender a realidade do contexto de um fato histórico. Afinal, um texto sem contexto vira um pretexto...
A dúvida maior sobre os escritos de Ellen se referem à uma carta de 1912 e está publicada atualmente no livro Mensagens Escolhidas no vol. 2, se você quiser ler a página do livro, clique aqui. Na carta ela responde a um rapaz negro que desejava se casar com uma moça branca, mas estava pesaroso e resolvera perguntar a Ellen o que ela achava. Muito objetiva, Ellen respondeu que era melhor não se casarem, mas não pelo preconceito de misturas das raças. Ora, Deus mesmo criou todas as raças, é Pai e morreu por todos nós, se Ellen foi uma mensageira do Senhor, não poderia ter tido uma atitude diferente da qual teria o Criador. Ela não era racista, mas zelosa. Ao ler a carta, percebemos um cuidado especial para com os futuros filhos do casal.
Vamos dar uma olhadinha na história para entendermos o contexto... No meio do século XIX foi publicado o 'Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas' de Arthur de Gobineau, pra explicar a superioridade da raça ariana. Até a década de 60, existiam leis (como as leis de Jim Crow), que negavam aos cidadãos não-brancos toda uma série de direitos, não só aos negros, mas amarelos, índios, latinos... Por muito tempo as leis proibiam até casamento interraciais e segregavam as raças em transporte público e banheiros públicos. Mesmo uma pessoa não racista estava proibida de casar com alguém de outra raça. As leis de Jim Crow entraram em vigor a partir de 1867, reflexo do tamanho preconceito imperativo nos EUA. Veja só essas imagens da cultura de 1860~1960. Placa indicativa dos bebedouros para 'homens brancos/homens coloridos' em 1939 (primeira imagem), na segunda há uma placa fazendo uma promoção nazista sobre Hitler em Durham, Carolina do Norte, a maio de 1940.
A partir desse momento podemos até imaginar se esses jovens se casam, não poderiam sentar juntos no ônibus, não iriam entrar em alguns bairros, a moça poderia ser banida se certos círculos sociais por ser casada com um homem 'colorido'; não poderiam nem frequentar um local público sem passar por vergonha até 1965, isso porque a lei mudou, mas não a cabeça das pessoas, eles continuariam a passar por preconceitos, eles e seus filhos.
A carta de Ellen foi um conselho riquíssimo que pôde evitar muitas tristezas futuras, e não racismo.

3 comentários:

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  2. A serva do senhor aconselhou o jovem a não passar por dor desnecessária!!! Isso está longe de se chmar racismo e sim prudência!!!

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  3. Carla,
    Primeiro quero lhe agradecer pelo convite para visitar este blog. Achei muito bem organizado e com temas que para alguns podem ser chocantes como este caso do racismo. Participei há um ano de um debate sobre este tema. A panela de pressão parece que ia explodir para alguns mais acalorados ao ponto te taxarem Ellen de Racista. O meu ponto de vista defendi com base no contexto da época, como vc frisou o costume praiano daquele tempo. O aconselhamento dela pode ser analisado da mesma forma que Paulo disse "é bom que não casem". No caso do jovem de cor e no caso dos pregadores da Palavra citado por Paulo, tinham suas consequências certas. Um bom conselho é aquele que embora possa trazer dor mas momentânea, e não consequências para o resto da vida,

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